Eis ai, povo evangélico, tribuna gospel, simpatizantes e afins. Carentes da autenticidade de Cristo, de serenidade, de coragem para assumir as indagações reprimidas por uma vida de doutrinas auto flagelantes, degradantes do nosso atributo mais belo, daquilo que nos torna humanos; pensar, indagar, questionar, digerir ideias e corrigir conceitos.
A doutrina dos santos "evangélicos", dos santos católicos" e de todos os clãs de pseudo santidades personificadas, escravizaram-nos e acorrentaram-nos em suas fortalezas dogmáticas, em igrejas onde pensar é pecado, questionar é heresia e o conformismo tornou-se a única coisa com que se pode alimentar.
O amor em forma de boa nova, tornou-se uma acção restrita aos diferentes e faccional na sua essência, deu origem a misantropos, infelizes e alienados, revelou excluídos e exclusivos deste mesmo amor.
Que amor é esse que não suporta a diferença, que não é capaz de lidar com o erro alheio e não olha para suas próprias mazelas??? Que raio de amor é esse, incapaz de aceitar o outro, que obriga a auto mutilação de muitos, para fazer parte dos chamados "eleitos de Deus", que porcaria de amor e de evangelho é esse que rouba, que extorque, que manipula, destrói, que forma pessoas feias e tristes??? Não eu não faço parte desse povo.
Não é uma questão de ser melhor ou pior, é apenas uma questão de escolher ser quem se é de facto, com coragem de continuar sendo, até o fim. É uma questão de não calar, de não mutilar e não trair a própria consciência, porque quem o faz contrai uma dívida que nunca poderá saldar para consigo mesmo...
Pretendo seguir o Mestre, pretendo aprender com Ele, pretendo entender as Suas verdades sem esquecer de quem eu sou, e eu sou também as minhas indagações, eu sou as minhas dúvidas eu sou as minhas fraquezas, e sou também o que de pior há em mim, Ele sabe isso, Ele entende isso, até porque se existe algo de bom em mim esse algo vem d'Ele e não de mim mesmo.
Se este pensamento nos torna hereges, rebeldes, pecadores, que seja. Se considerar e verbalizar as nossas incógnitas minam, corroem ou diluem a nossa fé, então é porque nem a merecemos e derrepente isso nem seja fé de fato. Mas se temos fé e se ela esta alicerçada em Cristo ela tem que sobreviver a todas estas coisas. Não creio que a fé plantada em nós por Ele seja uma fé escandalizável e raquítica quando confrontada pela realidade, condição e filosofia humana.
Por isso e por muito mais, apostatei da religião, apostatei e rompi com as amarras do "evangeliquêz" desprezível, mercantil, aproveitador, negligente e absolutista do nosso século.
Me perdoem se não fui explicito o suficiente, é apenas um desabafo sem importância para muitos e que me faz sentir melhor.
Victor Florenzano
Pense Bem
"Crer é também pensar" (John Stott)
"Crer é também pensar" (John Stott)
sábado, 29 de maio de 2010
terça-feira, 18 de maio de 2010
O que são "valores do reino"?
Repito há algum tempo a expressão “valores do reino de Deus”. Por não entender direito ao que me refiro, alguém perguntou o que são esses valores. Melhor começar talvez com o negativo, afirmando o que não são os valores do reino de Deus.
Não são a promoção da cobiça, avareza, ganância.
Não são a solução miraculosa dos problemas da vida.
Não são a capacidade de canalizar o poder de Deus para tornar a existência menos rude.
Não são a ideia de que Deus tem preferidos, seus eleitos, que merecem o céu enquanto o resto já nasce debaixo de maldição.
Não são a legitimação de instituições que se arvoram suas representantes únicas na terra.
Não são o lado positivo do que se considera "mundo”.
Não são uma doutrina, catecismo ou documento confessional.
Não são a proposta de tornar uma nação monocultural.
Não são uma ideologia.
Não são a negação da fragilidade humana.
Não são a cristalização de sistemas opressores.
Não são ufanismos milenaristas.
Ricardo Gondim
Soli Deo Gloria17-03-10
segunda-feira, 10 de maio de 2010
8 Constatações sobre nós.
1 - A incapacidade de observar os erros alheios sem produzir julgamento, nos faz negligenciar por momentos que somos alvos desses mesmos juízos.
2 - Enraizámos ideias e conceitos que se tornam verdades quase palpáveis e irradiam orgulho e insatisfação para o seio do nosso imaginário.
3 - Algumas verdades sobre a condição humana são manifestas à todo instante pela incompreensão do "Eu" e do próximo.
4 - A incrível e notória dificuldade humana em fixar um olhar desinteressado no próximo nos faz cruéis, nos torna ou revela em nós, aquele que de facto somos quando longe dos palcos e dos olhares que vislumbram projecções das nossas mais distintas e variadas personagens.
5 - A condição humana presenteia-nos com o benefício de errar, o privilégio de contemplar os erros e a possibilidade de utilizá-los como parte integrante do mais brilhante processo de aprendizagem que é viver.
6 - Nem todos vivem, a despeito de receberem o dom da vida, esqueceram-se que utilizar este dom, requer o "poder" de auto contemplação, requer um olhar atento e sem preconceitos sobre a essência que nos move e faz caminhar pelos trilhos dessa dádiva.
7 - Esquecemo-nos da essência, esvaímo-nos em devaneios acerca do sobrenatural, deixamo-nos escravizar por um cristianismo obsoleto, paupérrimo que se transformou num antídoto utópico para os que perderam a capacidade de esperar, um cristianismo que em nada parece com Aquele à quem proclamam.
8 - Achegámo-nos aos homens "bons" e acolhemos os maus, desde que a sua maldade não nos atinja. "Ama o inimigo", "ore pelos que vos perseguem" acaba por determinar quem sejam os bons e os maus na nossa forma de amar, seja ela qual for quando na verdade não existem bons, apenas homens.
Seja como for...
Um brinde a vida que começa a partir do interior de cada um de nós e reverbera a verdade incontestável da perfeita e imutável soberania d'Aquele que nos ensina essa arte, a arte de viver (...).
Victor Florenzano
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